O Estado há vinte anos, creio durante as governações de Cavaco Silva, decidiu que se as empresas não pagavam ao fisco então eram inviáveis e deveriam falir.
Um caso emblemático foi do empresário da Oliva que assumiu em Tribunal o desvio dos dinheiros devidos ao Estado para pagamento de salários e foi condenado.
Nos clubes foi diferente porque tinham direitos de imagem a receber do Totobola e procedeu-se a um acerto de contas no Plano Mateus.
Entretanto, a majestática e corporativa Santa Casa da Misericórdia de Lisboa gestora do Totobola e de todos os outros jogos de fortuna e azar actuou durante anos para falir o Totobola e valorizar os jogos que beneficiavam mais as suas actividades sociais não promovendo o Totobola e criando sempre novos jogos no mercado das apostas populares.
O desporto, a Liga e a Federação e o Desporto, público e privado, depois de Mirandela da Costa, aceitaram fazer figura de corpo presente na mesa do Departamento de Jogos da SCML e não valorizaram os seus direitos de longo prazo e a sua eficiência na aplicação de dinheiros públicos acima de outros sectores sociais.
No caso concreto do futebol tanto a Liga de Clubes como a Federação foram negligentes nunca apresentando um programa ao Estado de resolução da dívida e de fomento do mercado do futebol.
Os clubes médios continuam a falir na procura de rendibilidades financeiras de alto risco na compra barata de capital humano africano, sul-americano e de leste (quando foi o tempo dele).
Os grandes clubes acumulam défices e todos acham normal tendo acabado com o único instrumento capaz de demonstrar a rendibilidade das contas que eram os relatórios da Deloite publicados pela Bola.
Os reguladores não se importam que o relatório não se publique nem que o futebol não tenha horizontes de longo prazo.
Há vários instrumentos que a Federação e a Liga deveriam criar e apresentar ao Estado como modelo de produção para o século XXI. Sucintamente:
- Um relatório dos relatórios e contas sobre todos os campeonatos amadores e profissionais;
- Racionalidade dos campeonatos e programa de longo prazo;
- Concepção do estilo de jogo português e dos objectivos técnicos e desportivos no longo prazo.
Na Europa a UEFA fez um documento com a Visão do seu negócio e em conjugação com a União Europeia fizeram o Relatório Independente.
Isto faz-se na Europa.
Lá longe na Europa.
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