segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Portugal não está habituado a ganhar

Ver aqui este curioso artigo de Pedro Bidarra no Dinheiro Vivo:

  • "Campeonatos da Europa? Nem um. Óscares ou Palmas de ouro? Nada. Ouro nos Olímpicos? Pouquinhos. Nobeis? Dois. Campeonatos do mundo? Zero."
É interessante ver o Desporto na companhia ilustre da Cultura com C grande.

A comparação é civilizacional e Nacional de Nação.


A semana passada referi a um líder nacional que o desporto tinha vários problemas.
Ele respondeu-me que o desporto era o único sector que criava campeões do mundo. 

Nós até ganhamos campeonatos da Europa e do mundo contrariando Pedro Bidarra e aceitando a argumentação do líder nacional.

Porém, há um sentido nas palavras de Bidarra que o líder não alcança que é o reconhecimento por terceiros da dimensão civilizacional que faz a Europa.

Portugal deveria ganhar europeus e mundiais e jogos olímpicos de tal forma que fosse reconhecido internacional e mundialmente.

Isso não acontece e as palavras e intenções do líder nacional são frágeis e dinossáuricas.

Bidarra tem a seguinte frase que é muito acertada: "A nossa organização social não recompensa o risco e a luta. É por isso que vencer não é um hábito português."

Eu não podia estar mais de acordo.

Existem líderes desportivos pelos quais poderemos ter amizade mas que sem saber tornam o país á sua dimensão e a dimensão dos seus propósitos e dos seus comportamentos são tão pequenos.

3 comentários:

joão boaventura disse...

De facto, não pesa.
Se não, vejamos as participações com medalhas:

1.ª República
Paris-1924 – hipismo 3 bronze
Estado Novo
Berlim-1936 – hipismo 3 bronze
Londres-1948 – hipismo 3 bronze; vela 2 prata
Helsínquia-1952 – vela 2 bronze
Roma-1960 – vela 2 prata
SOMA – 4 prata e 11 bronze = 15
Em 5 Jogos Olímpicos – média de 3 medalhas


Estado de Direito
I gov.const. PS- (23.09.1976-23.01.1978)
Montreal- (17.07.1976-01.08.1976) – atletismo e tiro, 1 prata cada
IX gov.const. PS+PSD (09.06.1983-06.11.1985)
Los Angeles- (28.07.1984-12.08.1984) – atletismo, 2 bronzes e 1 ouro
XI gov.const PSD (17.08.1987-31.11.1991)
Seoul- (17.09.1988-02.10.1988) – atletismo, 1 ouro
XIII gov.const PS (28.10.1995-25.11.1999)
Atlanta- (19.07.1996-04.08.1996) – vela, 2 bronze; atletismo, 1 ouro
XIV gov.const PS (25.10.1999-06.04.2002)
Sidnei- (13.09.2000-01.10.2000) – atletismo e judo, 1 bronze cada
XV gov.const PSD+CDS (06.04.2002-17.07.2004)
Atenas- (11.08.2004-29.08.2004) – atletismo, 1 prata, 1 bronze;ciclismo, 1 prata
XVI gov.const PSD+CDS (06.04.2002-17.07.2004)
XVII gov.const PS (12.03.2005-26.10.2009)
Beijing- (08.08.2008-24.08.2008) – atletismo, 1 ouro, triatlo, 1 prata

SOMA – 4 ouros, 5 pratas, 7 bronzes = 16
7 Jogos Olímpicos – média de 2,28 medalhas

No Estado de Direito, compaginei as datas dos Jogos Olímpicos com as datas dos Governos Constitucionais, para se saber quem se alegrou com as medalhas... num país pequenino.

Fernando Tenreiro disse...

É uma contabilidade desportiva no mínimo curiosa.

Todos nos alegramos com as vitórias e não são apenas os 'grandes chefes'.

Mas vai uma distância entre a dimensão de uma Nação Desportiva Europeia e o último lugar das vitórias que se vão encontrando no caminho sem norte e sem produto excelente.

Armando Inocentes disse...

É a mentalidade portuguesa!

Dos dirigentes, por efeito de contágio, passa para os atletas...

Quem acompanhou os últimos campeonatos europeus de atletismo e se dedicou a analisar as entrevistas dos nossos atletas verificou que muitas frases eram coincidentes, tais como:

- ir à meia-final já foi muito bom...
- a minha medalha foi ficar entre os 10 primeiros...

Acredito que os atletas tenham dado o seu máximo. Mas quando se está numa final entre dois e se pensa "pelo menos o 2º lugar já é meu", então de certeza que o segundo lugar será meu!

Para se ser grande é preciso pensar-se grande.

E como dizia ainda há pouco tempo Sidónio Serpa, há a necessidade dos atletas serem acompanhados por psicólogos do desporto. Serão?

Um abraço cordial.