sábado, 15 de outubro de 2011

A diferença do discurso político

O Governo está ciente que a sua acção tem de dar "resposta em três meses a questões que se mantêm por responder há anos", diz o secretario de estado da economia no caderno de economia do Expresso, pg 15.

No mesmo local Campos e Cunha "imputou as culpas da actual desordem financeira aos actores políticos e exortou à 'renovação do sistema político' e 'à criação de maior concorrência no 'mercado' dos votos'". Gostava de saber qual a solução de Campos e Cunha para introduzir factores de competitividade no sistema político nacional.

Nicolau Santos, na pg 5 do mesmo caderno, cita Fernando Ulrich e Henrique Granadeiro referindo que o documento da Troika 'é de uma enorme pobreza intelectual'. primeiro porque dá soluções que já tinham sido encontradas por outros ecoonomistas e tem 5 erros:
  1. cobra juros agiotas;
  2. define prazos exagerados;
  3. é arrogante na receita proposta em todas as suas implicações de correcção dos défices e de lançamento da economia;
  4. dá soluções sem solução;
  5. é teimoso em medidas que impedem o Estado de resolver os estrangulamentos que tem gerado para a economia e que são conhecidos.
Estes erros da Troika são o exemplo que fazer erros é possível mesmo aos 'deuses' e que a crítica e o diálogo em doses razoáveis são úteis para demonstrar atempadamente alternativas para solucionar problemas que depois se agudizam.

A análise no desporto é mais distendida na resposta aos desafios atirando a sua resolução para além da urgência do orçamento de 2012.

Há neste momento erros a serem cometidos, equivalentes aos da Troika, salvo as devidas diferenças:
  1. há arrogância pelas soluções equacionadas equivalentes ao passado só porque agora a cor é outra;
  2. há medidas novas mal tomadas;
  3. há protagonismos errados e inaceitáveis, que se falam já há boca fechada;
  4. há teimosia e incapacidade de dialogar recorrendo apenas e só aos dinossauros e às grandes organizações do costume.
A causa da crise do desporto português é maioritariamente política.

Enquanto o sistema político que actua no desporto não tiver a arrogância de uma Troika a ditar, mesmo com erros, outra situação o desporto continuará a soçobrar.

1 comentário:

Armando Inocentes disse...

Caro Fernando Tenreiro:

É quase certo que o desporto vai continuar a soçobrar, com Troikas a ditar com erros ou sem erros, ou mesmo sem Troikas...

Veja-se a entrevista de Alexandre Mestre ao «Record» no passado dia 13! "Na minha qualidade de jurista, escrevi que não concordava com várias normas do Regime Jurídico das Federações Desportivas. Sou coerente e não mudei de ideias pelo facto de ter mudado de funções e ser agora o secretário de Estado. Aquilo que penso é que este Regime Jurídico não serve a maior parte das federações – são as próprias federações que o dizem."

Veja-se uma federação que recebeu no 1º semestre deste ano 93 000 euros e não vai a uns campeonatos mundiais de cadetes e júniores na Malásia por falta de dinheiro - quando em fevereiro, nos europeus, tivemos uma medalha de prata e duas de bronze...

Um abraço amigo!