PPB diz:
"Parece que a JSD está contra a fusão do Instituto da Juventude com a Movijovem e o Instituto do Desporto.
Eu também estou contra.
No estado do país são organismos da administração pública que deveriam ser extintos. O contribuinte agradecia. Ou será que não perceberam que não há dinheiro."
Laurentino Dias e toda a sociedade desportiva que contemporizou com o modelo de muitos anos não se vão reconhecer neste extremo de PPB. Mas toda a nomenclatura que produziu o desporto português nas últimas décadas e ainda ontem esteve no velódromo de Sangalhos a ver a conquista das medalhas pelas estrelas da Europa, pagas com o dinheiro da população local e do dinheiro que deveria ser investido, nesta fase, em alternativas desportivas, não compreende a dimensão do erro que vem acumulando.
Este pensamento de extinguir a agência pública do desporto é o de uma profunda iliteracia desportiva, em primeiro lugar, e de uma iliteracia europeia absoluta sobre os fundamentos greco-latinos da cultura e da civilização que emanou da Europa de há mais de 4 mil anos a esta parte para todo o mundo e cujo desporto é um elemento incontornável.
O poste no Cachimbo de Margritte é a ponta do icebergue dessa incompreensão social que foi formada pela actuação dos líderes desportivos incapazes de acumularem paciente e diligentemente o capital cultural e civilizacional que o desporto fez em toda a Europa e no mundo.
A falência do desporto moderno em Portugal deve-se à possibilidade de várias improbabilidades europeias:
- que o desporto é um bem privado e não público
- que os impactos do produto público do desporto podem ser obtidos apenas pela produção privada
- que os subsídios públicos para o desporto devem privilegiar os mega-eventos, os ralis, a fórmula um, os autódromos, o Paris-Dakar, e outros produtos desportivos que interessam ao turismo ter no seu cabaz de oferta turística nacional, como está expresso no programa do XIX governo constitucional
- que não havendo um produto público não há a necessidade de uma agência pública central
- que o desporto não é um sector vital, estrutural e central, para a criação do capital humano e social e o crescimento da produtividade da população e da sociedade portuguesa visando a média europeia
Haverá quem do PS esteja a gozar perdidamente e já a sonhar, com uma vingança fria, sobre a forma de levar ao Parlamento pós-Passos Coelho o documento a anular os actos agora feitos e a obter a maioria da votação parlamentar, incluindo das bancadas do PSD e do CDS.
Dizem os historiadores que a história primeiro acontece como tragédia e depois como comédia.
A história das leis de bases foi certamente a da tragédia, iremos ver que comédia para a história dará futuramente.
Só que o PS não deveria estar a gozar e a rir-se porque o drama do desporto são estas histórias de ineficácia política que se repetem ao longo das décadas e que prejudicam a população portuguesa em milhares de milhões de euros de bem-estar social.
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