Se fossemos ingénuos talvez estivesse no nosso horizonte o facto da crise não afectar o desporto...
Mas ao Sr. Secretário de Estado não basta dizer que a crise vai afectar o desporto - tem de mostrar algo e fazer algo.
Poderia começar por auditar as Federações com auditorias externas e credíveis, pois como diz Horácio Lopes em "O futuro do desporto em Poertugal" no blog «Colectividade Desportiva» (20.06.2011), "O Estado gasta anualmente perto de 60M€ a financiar Federações que se dedicam a promover campeonato nacionais e representar o país no estrangeiro. Das várias FDN que conheço por dentro, uma grande parte deste dinheiro é gasto, não é investido."
E que tal começarmos por saber como tem sido gasto o nosso dinheiro? Sim, porque "o dinheiro é nosso"!
As federações têm de ter corpos sociais e directivos dinâmicos para cumprirem os seus objectivos sociais.
É suposto que quem patrocine essas instituições tenha uma avaliação sobre aquilo que contrata quando patrocina e o resultado final que lhe é oferecido.
As empresas farão isso e as auditorias são um instrumento que ajudam o Estado a compreender aquilo que as organizações desportivas fazem com o dinheiro público que lhes foi atribuído.
Para além destes dois tipos de parceiros, os associados internos e activos e os patrocinadores, estão esgotados os elementos capazes de avaliar a prestação das respectivas direcções.
Estamos a supor que não há problemas com a justiça, nem com as relações internacionais cujos regulamentos a organização se obriga a respeitar.
Creio que você se refere a outra categoria que é o fiscalizador do Estado.
Para isso tem o Tribunal de Contas e o Ministério das Finanças.
Nesta categoria pode existir um outro que é a opinião pública e esta, como você está a fazer aqui no blogue, pode questionar e inteirar-se do que se faz nas federações.
Também nesta categoria se pode colocar a opinião pública ou a oposição à liderança de uma determinada organização.
Numa democracia plena estes últimos elementos são importantes porque permitem que os agentes, os cidadãos se mobilizem para acompanhar a performance das direcções e nos momentos eleitorais, apresentar candidaturas fortes e substituir os líderes que não conseguem resultados materiais à frente das organizações que são financiadas pelo mercado e pelo Estado.
Por exemplo, tanto no COP como na CDP e em muitas federações em Portugal não há oposição, aos líderes e equipas que lá estão há muitos anos, sugerindo a existência de barreiras à entrada por parte de alternativas viáveis.
Depois deste périplo, creio que a democracia em toda a sua complexidade é o elemento fundamental que responde à sua pergunta.
Laurentino Dias procurou fazer isso mudando a estrutura directiva das federações exclusivamente pela via legislativa.
Creio que o erro que levou à crise que suportou com o futebol foi um insuficiente amadurecimento das medidas de política, fechando-se apenas nas medidas legislativas, quando teria beneficiado se actuasse simultaneamente em diferentes níveis desportivos, financeiros e jurídicos.
4 comentários:
Caro Fernando Tenreiro:
Se fossemos ingénuos talvez estivesse no nosso horizonte o facto da crise não afectar o desporto...
Mas ao Sr. Secretário de Estado não basta dizer que a crise vai afectar o desporto - tem de mostrar algo e fazer algo.
Poderia começar por auditar as Federações com auditorias externas e credíveis, pois como diz Horácio Lopes em "O futuro do desporto em Poertugal" no blog «Colectividade Desportiva» (20.06.2011), "O Estado gasta anualmente perto de 60M€ a financiar Federações que se dedicam a promover campeonato nacionais e representar o país no estrangeiro. Das várias FDN que conheço por dentro, uma grande parte deste dinheiro é gasto, não é investido."
E que tal começarmos por saber como tem sido gasto o nosso dinheiro? Sim, porque "o dinheiro é nosso"!
Um abraço!
Caro Armando Inocentes
O Estado faz auditorias financeiras às federações há vários anos e é um trabalho de paciência que está a dar frutos. Deveria ser mais promovido.
Os resultados têm resultado na obrigação do cumprimento estrito dos contratos-programa e as federações começam a actuar de forma diferente do passado.
Este processo posso dizer-lhe que se prolonga desde há mais de dez anos.
Dois pontos que devem ser deixados:
1 - o trabalho está bem estruturado
2 - o trabalho deve ser incentivado e protegido
Nada mais devo dizer por ora.
Sim, mas são auditorias feits pelo Estado...
O Estado dá, o estado fiscaliza!
Bastará para haver transparência real?
Obrigado pelo seu comentário GB's
Não compreendo bem a sua pergunta.
As federações têm de ter corpos sociais e directivos dinâmicos para cumprirem os seus objectivos sociais.
É suposto que quem patrocine essas instituições tenha uma avaliação sobre aquilo que contrata quando patrocina e o resultado final que lhe é oferecido.
As empresas farão isso e as auditorias são um instrumento que ajudam o Estado a compreender aquilo que as organizações desportivas fazem com o dinheiro público que lhes foi atribuído.
Para além destes dois tipos de parceiros, os associados internos e activos e os patrocinadores, estão esgotados os elementos capazes de avaliar a prestação das respectivas direcções.
Estamos a supor que não há problemas com a justiça, nem com as relações internacionais cujos regulamentos a organização se obriga a respeitar.
Creio que você se refere a outra categoria que é o fiscalizador do Estado.
Para isso tem o Tribunal de Contas e o Ministério das Finanças.
Nesta categoria pode existir um outro que é a opinião pública e esta, como você está a fazer aqui no blogue, pode questionar e inteirar-se do que se faz nas federações.
Também nesta categoria se pode colocar a opinião pública ou a oposição à liderança de uma determinada organização.
Numa democracia plena estes últimos elementos são importantes porque permitem que os agentes, os cidadãos se mobilizem para acompanhar a performance das direcções e nos momentos eleitorais, apresentar candidaturas fortes e substituir os líderes que não conseguem resultados materiais à frente das organizações que são financiadas pelo mercado e pelo Estado.
Por exemplo, tanto no COP como na CDP e em muitas federações em Portugal não há oposição, aos líderes e equipas que lá estão há muitos anos, sugerindo a existência de barreiras à entrada por parte de alternativas viáveis.
Depois deste périplo, creio que a democracia em toda a sua complexidade é o elemento fundamental que responde à sua pergunta.
Laurentino Dias procurou fazer isso mudando a estrutura directiva das federações exclusivamente pela via legislativa.
Creio que o erro que levou à crise que suportou com o futebol foi um insuficiente amadurecimento das medidas de política, fechando-se apenas nas medidas legislativas, quando teria beneficiado se actuasse simultaneamente em diferentes níveis desportivos, financeiros e jurídicos.
Obrigado pela sua questão.
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